quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

No fundo azul

No fundo azul
no espelho azul de uma delicada tristeza
que os meus olhos reflectem:
vês-me?
      vês-me como eu sou?
            vês-me como algo que se descobre
                  na acrobacia da imagem?

Na sensual tranquilidade da palavra
o poeta tenta uma arriscada ordem
e entre a fábula e a reportagem
simula mentir
          para atingir
               a superior verdade

Ana Hatherly em “A Idade da Escrita”

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