terça-feira, 19 de maio de 2009

Feira Desmanchada


Num frouxo de riso, desmonto o barraco;
vida é outra loiça, que não este caco.

Rio como pode rir um português
ao ouvir, ocioso:- Será para outra vez...

_ Aqui há talento!Dizem.me os védores.
Seja para alívio das nossas dores!
Mas que remédio senão ser talentoso
quando tudo anda tão nervoso

e não há licença de porte dessa arma
que é a palavra não desfigurada!

Talento manejado a meu talante,
sê modesto, já que és, afinal, o circunstante,

e eu, o teu dono, se tiveres lazer,
sem disparos verbais andava era aos pardais,

por esses trigais e milheirais
que lhes dão de comer...
Alexandre O'Neill em Feira Cabisbaixa

terça-feira, 5 de maio de 2009

Inverno e Verão


Tu trazes até mim a tua longa mão
estende-la como uma ponte entre nós dois inverno
e verão
garantes que ela tem por trás o coração
e no entanto só te chamo irmão
Cada um de nós é como antes uma solidão
e nada significa a nossa saudação

Ruy Belo em Homem de Palavra(s)