terça-feira, 25 de setembro de 2012
O Fósforo Na Palha
Que pestanas se abrem
sobre a luz
fltrada de pinheiros
para vigiarem os meus gestos?
E de que boca se soltam as palavras
que saltam sobre a mesa como pérolas
que vou enfiando lentamente
enquanto a olho contra o fundo verde?
Egito Gonçalves em O Fósforo na Palha
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
A História da Moral
Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
Alexandre O'Neill em De Ombro Na Ombreira
Cidade dos Outros
Uma terrível atroz imensa
Desonestidade
Cobre a cidade
Há um murmúrio de combinações
Uma telegrafia
Sem gestos sem sinais sem fios
O mal procura o mal e ambos se entendem
Compram e vendem
E com um sabor a coisa morta
A cidade dos outros
Bate à nossa porta
Sopha de Mello Breyner em Grades
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Minha Senhora De Mim
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
Maria Teresa Horta (1971)
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Lobo Antunes Na Era Da Internet
“O professor lembra-se de quando se casou, de como tudo se alterou, de como a sua casa de solteiro se transformou num lar. Viu, de um dia para o outro, uma santa em cima da televisão e um canário em cima da máquina de lavar roupa. A varanda tornou-se marquise.
- Um empreiteiro constrói uma casa, Rosa, mas só uma mulher constrói um lar – diz o professor, recordando o brilho metálico do alumínio da marquise."
Afonso Cruz em “Jesus Cristo bebia cerveja”
domingo, 9 de setembro de 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)