quinta-feira, 22 de maio de 2008

Posto de Gasolina


Poiso a mão vagarosa no capot dos car-

ros como se afagasse a crina dum cavalo.

Vêm mortos de sede.Julgo que se perderam

no deserto e o seu destino é apenas terem

pressa. Neste emprego, ouço o ruído da en-

grenagem, o suave movimento do mundo a

acelerar-se pouco a pouco. Quem sou eu, no

entanto, que balança tenho para pesar sem

erro a minha vida e os sonhos de quem

passa?
Carlos de Oliveira "Sobre o Lado Esquerdo"

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