Poiso a mão vagarosa no capot dos car-
ros como se afagasse a crina dum cavalo.
Vêm mortos de sede.Julgo que se perderam
no deserto e o seu destino é apenas terem
pressa. Neste emprego, ouço o ruído da en-
grenagem, o suave movimento do mundo a
acelerar-se pouco a pouco. Quem sou eu, no
entanto, que balança tenho para pesar sem
erro a minha vida e os sonhos de quem
passa?
Carlos de Oliveira "Sobre o Lado Esquerdo"
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