" O bacalhau ia e vinha por entre as conversas habituais. Para uns, a televisão, algum "fait-divers" dos telejornais, os concursos e as telenovelas ( mais as portuguesas do que as brasileiras). Insistiam em que o bacalhau estivesse pouco salgado, e pediam que na semana seguinte fosse assado com batatas a murro. Outros discutiam sobretudo futebol, numa rivalidade entre o Sporting e o Benfica, apenas atenuada pela embirração de não gostarem nem do F.C.Porto, nem sobretudo do Pinto da Costa e a sua lata tão inexcedível que até engoliu o apito. Às vezes falavam de política e comentavam o Sócrates depois de se terem metodicamente atirado ao Santana Lopes. Mas era raro, o futebol estava primeiro, rei de todos os desportos tal como o bacalhau era rei da gastronomia autenticamente portuguesa. "Então hoje temos bacalhauzada?" . E a pergunta, algo teórica, abria um espaço de convivialidade gastronómica"
Eduardo Prado Coelho em Nacional e Transmissível
Eduardo Prado Coelho em Nacional e Transmissível
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