segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Uma Reportagem Sobre a Banalidade do Mal


"E da mesma forma que nos países civilizados a lei parte do princípio que a voz da consciência diz a cada um "não matarás" , mesmo que os desejos e as inclinações naturais do homem possam, por vezes, ser assasinos, também a lei de Hitler exigia que a voz da consciência dissesse a cada um "matarás", embora os organizadores dos massacres estivessem bem cientes de que o assassínio vai contra os desejos e inclinações normais da maioria das pessoas. No Terceiro Reich, o mal tinha perdido aquela característica que o torna reconhecível para a maior parte das pessoas - a caracteristica de ser uma tentação. Muitos alemães e muitos nazis, provavelmente a esmagadora maioria, ter-se-ão possivelmente sentido tentados a não matar, a não roubar, a não deixar que os seus vizinhos fossem levados para a morte ( porque sabiam, evidentemente, que era essa a sorte reservada aos judeus, ainda que muitos deles pudessem desconhecer os pormenores macabros), a não se tornarem cúmplices destes crimes, beneficiando deles. Mas Deus sabe que tinham aprendido a resistir à tentação"


Hannah Arendt em Eichmann em Jerusalém

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