Por motivos alheios á minha vontade mudei para aqui:
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terça-feira, 11 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
A Velhinha Contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assi...
m pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Quer Um Café?
...
- Quer um café?
- Se não der trabalho – ele sabe que esse continuava sendo o
jeito exato, enquanto ela adentrava soberana pela cozinha, seu reino. Mãos nos
bolsos, olhou em volta, encostado na porta.
As costas dela, tão curvas. Parecia mais lenta, embora
guardasse o mesmo jeito antigo de abrir e fechar sem parar as portas dos
armários, dispor xícaras, colheres, guardanapos, fazendo muito ruído e
forçando-o assentar – enquanto ele via. Manchadas de gordura, as paredes da
cozinha. A pequena janela basculante, vidro quebrado. No furo do vidro, ela
colocara uma folha de jornal. País mergulha no caos, na doença e na
miséria – ele leu.
…
Linda, uma história horrível (excerto) Caio Fernando Abreu
Foto de Bert Teunissen
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Soneto Superdesenvolvido
É tão suave ter bons sentimentos
consola tanto a alma de quem os temque as boas acções são inesquecíveis momentos
e é um prazer fazer bem
Por isso se no verão se chega a uma esplanada
sabe melhor dar esmola que beber a laranjadaConsola mais viver assim no meio de muitos pobres
que conviver com gente a quem não falta nada
E ao fim de tantos anos a dar do que é seu
independentemente da maneira como se alcançouainda por cima se tem lugar garantido no céu
gozo acrescido ao muito que se gozou
Teria este (se não tivesse outro sentido)
Ser natural de um país subdesenvolvido
Ruy Belo, Homem de Palavra(s)
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Canção da Vida
Músculos tensos, grito parado, a inquirição prossegue por entre camadas de angústia cerrada. Fura, brita, escava, alonga túneis por onde avança o corpo cercado. Por vezes tem a espessura de montanhas, muros sobre muros que não acabam. Outras abre-se inesperadamente em naves onde o eco é mais largo e o som ampliado vibra a ilusão da interminável viagem. Uma a uma, as palavras emergem da pedra informe, brilham contra o aço quente das brocas. Agarra-as com as mãos feridas, confunde-as com o tacto, mistura-as com o sangue, enquanto a tinta regista a negro o seu traçado. Há quem lhe chame poesia. Eu só lhe posso chamar combate.
Jorge Roque em Canção da Vida
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
O Fósforo Na Palha
Que pestanas se abrem
sobre a luz
fltrada de pinheiros
para vigiarem os meus gestos?
E de que boca se soltam as palavras
que saltam sobre a mesa como pérolas
que vou enfiando lentamente
enquanto a olho contra o fundo verde?
Egito Gonçalves em O Fósforo na Palha
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
A História da Moral
Você tem-me cavalgado,
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.
Alexandre O'Neill em De Ombro Na Ombreira
Cidade dos Outros
Uma terrível atroz imensa
Desonestidade
Cobre a cidade
Há um murmúrio de combinações
Uma telegrafia
Sem gestos sem sinais sem fios
O mal procura o mal e ambos se entendem
Compram e vendem
E com um sabor a coisa morta
A cidade dos outros
Bate à nossa porta
Sopha de Mello Breyner em Grades
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Minha Senhora De Mim
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços
Comigo me desavim
minha senhora
de mim
recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
Maria Teresa Horta (1971)
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Lobo Antunes Na Era Da Internet
“O professor lembra-se de quando se casou, de como tudo se alterou, de como a sua casa de solteiro se transformou num lar. Viu, de um dia para o outro, uma santa em cima da televisão e um canário em cima da máquina de lavar roupa. A varanda tornou-se marquise.
- Um empreiteiro constrói uma casa, Rosa, mas só uma mulher constrói um lar – diz o professor, recordando o brilho metálico do alumínio da marquise."
Afonso Cruz em “Jesus Cristo bebia cerveja”
domingo, 9 de setembro de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
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