segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Mendigo Com Lugar Cativo


Com o tapa-misérias a escorrer-lhe dos ombros,
o morse da bengala apercutir o chão,
remorseando vai os passarões que somos.

A dedo, a medo, a desfazer o gesto,
na ranhura da caixa a moeda metemos.

Metida a moeda, o espantalho fala
do céu que, sem dúvida, merecemos.

Que pragas calarás quando não damos?

Alexandre O'Neill em As Horas Já De Números Vestidas (1981)

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