sexta-feira, 6 de junho de 2008

Matar Saudades (II) - Das Sardinhas e do Eduardo


A questão naquela noite de sardinhada, em Alfama, é que eu já não queria sardinhas nenhumas e tinha de fingir. Não podia desaparecer de um momeno para o outro. Mas tinha sofrido o meu primeiro choque afectivo, aprendera à minha custa que as pessoas nunca estão definitivamente adquiridas, e o peixe abandonado gera os focos de infecção. Fechei os olhos para não te ver, apetecia-me que não tiveses nunca existido, mas continuei de mãos dadas contigo, para que todos acreditassem que tudo estava bem connosco. Mais tarde saberia que tinha sido melhor assim. E que as sardinhas sabiam melhor do que alguma vez pensara.



Eduardo Prado Coelho em Nacional e Transmissível

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